''Fechar-se não está com nada , as pessoas são sempre o que de melhor existe .''
(Caio F. Abreu)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um temporal em mim


Incrível: de manhã atordoada com o sonho da madrugada e de noite entediada dessa vida sem riscos. Calmaria que a tinha hoje a deixa desesperada, pedindo, por favor, um algo a mais ou simplesmente que ela seja algo a menos. Que toda essa intensidade seja diminuída, que suma por instantes, pois preciso dos riscos. Preciso me sentir em uma montanha-russa, pois a roda gigante está girando devagar demais e isso está me causado náuseas. Estou me sentindo parada, confusa e fora de mim. Necessitando de risos, de cochichos, de toques e algo sem muito apego. Estou enlouquecendo vendo em outros olhos os sonhos a que tenho vivido. Meus momentos de intensidade e apego estão ficando de lado, a monotonia a qual ando luta contra a água fria que estou buscando. Estou cansada de rotinas, meia-boca, beijos ritmados e sem vida. Estou cansada de fingir ter quarenta quando vivo aos dezoito e minha pele pede perfume forte e marcante, os meus olhos pintados durante a manhã envolvem quem passa quem olha e sente ao fundo os olhares marcados em preto-fosco-paixão.
Coisas de novela, coisas de alma e coração. Quero um pouco mais de emoção, subir o morro mais alto e gritar a mim, somente a mim. Estou sozinha durante o sol e sinto paz, sinto que sou feliz, porém essa felicidade busca uma contemplação. Minha felicidade sonha com sorrisos, gargalhadas e aquele tom: “não quero nada”.
Minha meiguice, meu excesso de emoção e coração estão necessitados de algo fervente, com cheiro de alecrim, gosto de Almadôvar e aquele toque de cetim. Rosas vermelhas, velas vermelhas, incensos intensos com descrição atrás assim: “atrai paixão”. Esse é o que largarei aos quatro ventos e quem quiser o mesmo, vá atrás. Eu não sou água parada, preciso renovar, seguir e chegar ao mar. Com um, dois, três ou dez olhares distantes-presentes, preciso de um pouco mais de tudo e menos apego ao que não me tira o sono. Insone, fora de mim, precisando me sentir a flor-da-pele.
Eu encontro os perfumes nas ruas por onde ando, sempre tive essa tara pelo desconhecido e por esse perfume misturado de tudo o que passa por mim. Sem cantadas baratas, sem beijinhos de nada, o que quero é algo que toque, arrepie e se perca do tempo. Quero algo que me tire os pés do chão, que me arranque os pedaços e me cause frios internos. Meus momentos de calmaria estão esgotados, sem ingressos à venda. Perdeu, achou o caminho e chegou o tsunami, quero estragos e mordiscos. Algo suave e dolorido. O que eu quero nem mesmo eu sei, só sei que o rio tem que andar e o vento o trará redemoinhos.
Enquanto isso, um sonho, um livro, o sol e os carros andando tão de pressa que nem os vejo, nem sei quem passa por mim. É assim, o vento vai e vem, as horas vão passando e vontade aumentando. Seguirei em busca da ventania.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mulher-macho, sem razão


Não sou de fingir e enganar o que meu coração pede. Sou franca por mais que eu tente esconder os desejos e ânsias do coração. Não engano e não me faço, sou mulher-macho e não recuo da briga, por mais difícil que meu coração tente agir. Me manda e me consome, me come e por vezes ignora o meu pensamento arrojado. Penso e ajo ao contrário, fujo e tento não sentir o que me vem atento. Atentada, mulher atenta. Ama e rema contra o que o coração pede e implora praticamente se ajoelha aos meus pés pedindo: “Ei! Por favor, faça isso senão pararei de pulsar. Tu vai ver!”. E eu tentando não sentir e não fazer resisto, meu bem. Finjo pra lá e me perco, às vezes, de mim. Falsa tentativa, nada deu certo, e coração veio mais uma vez enlouquecer a minha razão, veio me tirar da sanidade e me mostrar novamente o quanto dói amar e se entregar aos anseios do coração.
Agindo com o coração eu engano, arrependo, sofro e no final, sempre aconteço. Sou mulher-emoção, tenho vermelho sangue e fervente correndo em mim e rezando, sete terços inteiros por ser sempre um coração verdadeiro. Pedindo loucamente para que a razão fique longe, esse coração me tira do sério e me esvaio em lágrimas. Mulher feita dos sentidos e fantasias acredita e sonha como uma criança vive como se tudo fossem rosa do jardim – não é, boba! As rosas têm aqueles espinhos que doem os dedinhos e mais, assim é a vida. Com espinhos que doem na alma. Ferem e interferem no meu coração, na minha alma e nos meus sentidos. Espinhos da vida, do coração e por mais doloridos sempre agem e me fazem correr atrás pelos sentidos e deixar a tal razão à esquerda.
Mulher-macho, forte feito onça, briga feito fera pelo que o coração anseia. Não se entrega ao que não é desejado, não se faz contente com que não for justo e não mente para ver o coração alheio sorridente. É verdade, é mulher forte e safada. Corre atrás e não se cansa. Pega na mão o seu coração e o protege com unhas e dentes. É linda, é façanha. É todo coração e sem mente, por mais que queira. Sorri para toda gente e a emoção sempre se faz presente.
É assim, dias nublados e turvos. Coração calado e inquieto. Horas de tensão e tesão. Mulher que em certas horas colore o preto e branco com um pingo de esperança. É ela, essa mulher com gosto de felicidade que ainda assim chora e sofre. É ela, mulher com gosto de solidão que ainda assim está sempre ao meio da multidão. Mulher faceira e tristonha. Dias de cores e dias ofuscados. Sempre indo e vindo, sempre rindo e fingindo. É ela, que o coração atenta e que a razão a esquece. O coração é quem manda, não adianta falar, pensar e o que for. O coração a sustenta em pé!
Mulherzinha com nervos a flor-da-pele, irradiando os dias, cantando emoção, falando de amor e desamor. É ela, mulherzinha pequena,coração grande e, muitas vezes, sem razão de tanto coração.
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