
Deitada e rolando de um lado para o outro. Ouvindo Train e pedindo aos céus que o sono, sem sonhos, venha logo. Como boa canceriana, tenho aqueles sentidos despercebidos de ficar pensando em mil coisas antes dormir o que resulta em uma pequena insônia. Eufemismo. Dentre todos os pensamos: Tu. Tu que enrola meus pés à noite pedindo carinho. Tu que me tomas em teus braços largos como se eu fosse um ser indefeso, como se eu não fosse. Tu que entendes meus demônios, minhas feras, meus risos impulsivos, meu modo de falar e essa minha liberdade toda. Tu que encontras em mim um porto seguro quando na verdade o meu porto de seguro não tem nada. Tu que esteve ali dia e noite, abraçou, chorou, gritou, pediu e me tens, ainda que soluçando, me tens. Inteira, sem metades, sem empecilhos. Com maldade, com amor, com vontade. Tu que me encontras na sexta à noite e me abraça de um jeito tão louco que me faz sentir, (t)nua.
Eu tomei as tuas dores, tu tomastes os meus medos. Acreditou nos meus murmúrios e passou a mão sobre meu corpo como quem diz: Vem, te dou abrigo. E quando eu vejo, ali estou, com a cabeça deitada em teu colo pedindo, por favor, mais um pouquinho. Mais um cheirinho. Eu com os meus calos nos dedos, no coração, na cabeça e mesmo assim, hoje me sinto contente, te tenho ao lado, em cima, atrás, comigo. E o que quiserem falar, que falem. Sou eu, aquela destemida, desnuda, sem letras e sem nome se preciso para honrar o teu nome, caminhar ao teu lado, não deixar nenhum encosto, nenhum medo bobo te tirar de mim. Sou aquela que eles querem, que elas temem e que tu tens nas mãos, nas pernas, nas costas. Tu tens, me tens aí contigo.
Mentiras, Carícias. Caminhos, larguras. Perfumes, delícias. Nossos ritmos sempre em conjunto por mais distantes. Tu. Tu guri que me irrita que me tira que me engana que me ganha que me teme que me treme que me lambe que me invade que me vence que me leva que me ama. Tu guri que eu sinto de longe e me fascina. Larga esse medo de me ter inteira, eu venci os medos do passado para te ter aqui e agora, eu te tenho como quem quer por uma vida inteira, como quem não deixa por um segundo o abrigo. Larga esse jeito medonho de querer caminhar na vida, sozinho. Larga esse jeito de não querer ter alguém contigo para te tocar ao amanhecer. Larga de querer uma noite e ganha todas. Larga esse perfume de noite e volta pro rincão, volta pro chão, volta para o meu colchão.
Não peço segundos, não peço que tenhas contigo como um refúgio das noites de solidão. Quero mais, tu me deu esperança, tu acalmou o que em mim havia de mais inquieto. Tu tocou meu coração e se tocado ele foi, ele sentiu, gostou e aqui está pedindo o que tu prometeu. Não tenhas medo do que há em mim, eu posso mostrar que tudo o que havia aqui, passou. Não tenhas medo de tocar o amor, eu irei aonde for para mostrar o quanto eu quero mudar o que passou e viver contigo o dia de hoje. O dia de sempre.