''Fechar-se não está com nada , as pessoas são sempre o que de melhor existe .''
(Caio F. Abreu)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Piegas


Eu conversava sem prestar atenção e eu gritava dentro de mim: “Larga de ser tão piegas! Larga!”. E eu tentei, juro que tentei, mas foge de mim, é mais forte e confesso, me ganha. Eu escondia entreolhares o medo de soltar o verbo, o medo que vissem nos meus olhos o meu exagero, o meu sentir, a minha necessidade de amar e não fingir. E de amar, distribuir. Eu olhava ao redor e os copos de whisky eram tantos e os homens encarando as mulheres que se escondiam embaixo dos seus batons vermelhos que no fundo, queriam era manchar aquelas camisas brancas, rasgá-las e simplesmente se entregarem aos cheiros do corpo daqueles caras de olhares parados. Sem agir. Eu olhava e tudo que eu pensava era: “Por que as pessoas se escondem por debaixo dos panos?”. E eu não. E eu sempre com o meu exagero, os meus anseios, as minhas loucuras que por vezes nem mesmo eu conseguia controlar, mas eu sempre fui de verdade e sempre me entreguei de verdade, por mais que não soubessem entender a minha maneira de sentir, de coração aberto, essa maneira de deixar as cicatrizes à vista.
Amar demais, amar simplesmente, amar. O que os outros pensam eu nem pensava, eu nem ligava, eu ia deixando pra trás o que não me agradava e ia colhendo sorrisos e flores que aqueles jovens levavam para suas namoradas no final do dia. Seja por perdão ou simplesmente pra ganhar o seu coração. Eu adorava ver aqueles olhares que as pessoas lançam na rua, algo comparado com um pavão quando abre as suas penas para chamar a atenção da fêmea. E será mesmo que as pessoas pensam que esses olhares devem ser escondidos? Que as piscadas para a moça sentada sozinha no hall do hotel, lendo o horóscopo para saber se o amor da sua vida aparecerá naquele dia, devem ser escondidas? E será que não é melhor olhar, conhecer e deixar que o sentimento diga o que pode acontecer? E por tantos e tantos e muitos motivos que o amor anda tão em falta nos nossos dias. Deixar rolar, deixa acontecer, deixar chegar, invadir, te tomar, te vencer. Deixa sentir!
Eu, com os meus medos e devaneios, largo tudo por um olhar quente. Largo até mesmo os pensamentos que rondam a minha mente sempre, sem-pre! Por um olhar que prende a voz, que arrepia os pequenos fios da alma, por um olhar de intensidade, um olhar que traduz a verdade que te cala por dentro. Com meu jeito demodê moderninho, só quero chegar mais um pouco, sempre quero ganhar mais um espaço, vou buscando só o que me causa arrepios. Vou sendo, vou exagerando, vou amando e amando tudo o que me causa frio na barriga. Vou deixando que os sentimentos me tomem, e se eu cair, pode crê, vou levantar e seguir adiante. Piegas, clichê, morderninha e o que for, só quero é ter a liberdade de sentir o cheiro e o gosto da vida, e o que ela me trás. Sem esconder os olhares, sem fugir dos impulsos, sem mentir pra minha alma e sem deixar de buscar os sorrisos. Quero é que esse mundo louco tenha mais sentir do que precisar. Quero é que deixem os arrepios serem mais frequentes e o que mexer contigo, o que te tocar o coração, nunca seja esquecido. E se chorar, que chore, que chore! Mas que nunca deixe de sorrir!
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