Obrigada, às minhas balinhas de hortelã.
Eu já ouvi tantas coisas nos últimos dias e sei que vou
ouvir a minha vida inteira, mas sempre pergunto por que preciso ouvir isto ou
aquilo, sei que não é bem assim e mesmo assim aquilo fica ali martelando a
minha cabecinha que se fosse equilibrada eu não seria eu. E eu não quero deixar
de ser eu.
Tenho todos os sentimentos do mundo numa intensidade realmente sem tamanho,
tenho dificuldade em questão de relacionamento com as pessoas porque penso que
nenhuma delas irá aceitar o meu jeito que por mais cativante que seja é
complicado. Conversar, taí uma questão que é nova na minha vida, antes
simplesmente me deixavam de canto e eu pegava aqueles papéis todos que havia em
meu quarto e chorava e escrevia e chorava e lia. Ser uma pessoa sociável só
começou a fazer parte da minha vida de uns meses pra cá, nunca tive uma “ligação”
com as pessoas porque nunca me permiti à entrega e o conhecimento de mim mesma.
Ligação, outra coisa que muitos acham que é simplesmente sair, sentar num
barzinho e deixar rolar, porém à mim que vejo tudo como algo a mais a ligação é
buscar ou ter intimidade com alguém que me permita sentir à vontade e deixá-la
também. Ligação é sentir. E eu tenho dificuldade em me ligar, em confiar, em
gostar e isso me torna um ser antissocial, segundo a minha mãe. Logo, sou
então.
Gostar sempre foi MAIS para mim, ser amigo sempre foi MAIS, ser parceiro sempre
foi MAIS e como toda criança que busca mais e mais e mais balinhas, quando
percebe que aquela balinha é ruim e, de repente, encontra outro pacote de balinhas
e todos os que encontram as faz mal, no final o que pensar? Não posso comer
estas balinhas. Porém, nem todas as balinhas do mundo vão me fazer mal e eu sei
disso, ultimamente as balinhas têm me feito maravilhosamente bem
(principalmente as de Hortelã), acontece que tenho receios e mecanismos de
defesa para que não aconteça tudo de novo e, necessariamente, preciso deixá-los
de lado. Podem ter sido bons em algum momento da minha vida, ou não, portanto
foi o meio que encontrei de não me sentir mal com certas coisas na minha vida e
agora que quero me livrar, literalmente, é difícil. É complicado.
Terapia, conversas, sorrisos, entendimentos e reconhecimento, tenho tudo isso e
muito mais agora, ou melhor, tenho tudo para vencer esta etapa e deixar
realmente de lado o que criei para não engolir aquelas tais balinhas. Por essas
balinhas ruins não posso deixar de saciar as deliciosas balinhas de Hortelã. E
como dizem: eu vou conseguir. Por mim. Pelas balinhas de Hortelã.